Num dos meus sites bio favoritos, encontrei há uns tempos este artigo acerca de alternativas ao uso do shampoo. Dividida entre o horror e a curiosidade mórbida, achei que a melhor opção seria investigar...e experimentar.
Investiguei. Uma mulher utiliza diariamente cerca de 515 químicos diferentes no seu corpo - entre cremes, gel de banho, máscaras, amaciadores... A pegada ecológica torna-se infinda, e preocupante. O recurso a produtos ditos orgânicos acaba por se revelar desgastante - quem tem tempo para ler aquela lista de ingredientes estranhos, e certificar-se que este ou aquele componente foi produzido numa quinta certificada, sem ser testado nos animais, e ainda poder doar 1% dos lucros a uma micro empresa nos confins de algum país terceiro mundista? Depois de todo este desafio, chegar á caixa para pagar, e perceber que com o dinheiro que gastou naquela bonita garrafa minúscula de amaciador, porém 100% reciclável e lavável na máquina de lavar quase podia contratar um gnomo encantado para lhe massajar os cabelos.
Posto isto, mais uma vez decidi pedir umas segundas opiniões.
"Quando eu tinha a tua idade", diz a avô de uma amiga minha, lavava-se o cabelo com sabão azul e branco, tirava a oleosidade do cabelo e curava a caspa ou eczemas. Afinal o sabão azul e branco é um antisséptico poderoso - mais ainda, de origem totalmente orgânica, low cost e multi usos. Pode tomar banho, lavar roupa e cabelo, tudo no chuveiro e ao mesmo tempo.
Ah, e ainda cura acne. Será que um dia descobrem que também serve para detox, e vamos acabar a beber tisanas de sabão a preços astronómicos no SPA mais próximo.
A cerveja era usada para amaciar o cabelo, tinha até quem passasse o cabelo a ferro a seguir, para esticar - sim, o babyliss e o alisamento japonês são coisas muito recentes, perguntem á Madalena Iglesias como obtinha ela o seu bonito visual alisado, que tanto a ajudou a ganhar a Eurovisão.
Assim os homens bebiam menos, e tinham menos acessos de violência doméstica - até porque o Benfica também ganhava mais vezes.
PS. se tentar, use uma toalha húmida entre o cabelo e o ferro, ou vai acabar que nem o Joker.
Á falta de melhor, uma máscara de maionese faz milagres em qualquer cabelo seco e desvitalizado - ou não tivesse os tão benéficos azeite, ovos e limão. É verdade, que já experimentei. Fiquei foi sem maionese para a salada russa, mas como até dizem que engorda foi uma boa desculpa para a despachar.
Tudo isto parece vindo de uma época salazarista e com poucos recursos, no entanto havia um aproveitamento de elementos realmente orgânicos, e é essa é a valiosa lição que temos de aprender, e reter.
Voltando então ao "no poo movement" - estúpido título para alguém que quer incentivar ao não uso de shampoo, sugere-se a substituição do dito por bicarbonato de sódio diluído em água morna. Aplica-se nas raízes, massaja-se (iluda-se, não há cá espuma coisa nenhuma), e lave bem com água. Vai parecer estranho, mas o cabelo fica com um ar lavado, dado que o bicarbonato absorve a oleosidade em excesso. Melhor, não há toneladas de espuma a entupir o ralo.
Precisa de amaciador? Despeje um copo de vinagre de maçã misturado com água, massaje, e passe mais uma vez por água. Não vai ficar a cheira a salada, e o seu cabelo vai ficar muito brilhante.
Há quem seja radical e deixe de usar qualquer tipo de elemento, para além da água. Felizmente moram em sítios isolados e com muito vento, e não temos muito contacto com eles. No entanto, são muito felizes com esta decisão, e o planeta agradece.
Outra pessoas, como Lucy Aitken ou a Katie Closter são um exemplo de sucesso face á redução de químicos no corpo, e no mundo.
De notar que isto não é um processo instantâneo. O cabelo vai demorar a adaptar-se á ausência de elementos mais agressivos de limpeza, até finalmente estabilizar o nível de produção de oleosidade.
Nesses dias mais complicados, e se quer continuar na onda hippie/orgânica/javardola, faça um rabo de cavalo bonito e siga com o seu dia. Podem também salpicar um pouco de pó de talco e escovar bem - mas bem, ou acaba com ar de quem espirrou num saco de farinha, ou passou a noite de sexta feira a curtir linhas no WC do LUX - contaram-me, eu nunca vi nada porque estava sempre escuro, e eu já tinha mais que a minha dose de G&T.
Na realidade, funciona. Mas mais do que vontade, precisamos de mentalidade para aceitar algo que funciona, e que não vem numa embalagem bonita e testada em laboratório.
Se até lá não se sentir tentado, ao menos tente uma ou outra máscara mais...orgânica.
Deixem as vossas opiniões nos comentários. Alguém quer iniciar uma mini-revolução?
Vamos a isso!
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