foto blog

foto blog

terça-feira, 12 de abril de 2016

Cruisin' la vida loca

Esta semana a temática foi requisitada por um grupo de veraneantes sortidos que vão navegar nas águas mediterrânicas. Lembram-se do Love Boat?

Passar férias num barco pode parecer coisa de velhos reformados americanos, mas a realidade é que até pode ser uma viagem agradável. Um hotel flutuante, cheio de animação e amenidades, e com vários destinos emocionantes. E obstáculos, com todos aqueles andarilhos e scooters estacionados nos corredores.
Nada como um cruzeiro nos fjordes, ou nas ilhas gregas, ao balanço das ondas, das tempestades, ou de um qualquer capitão Schettino que decide passar mais perto da costa para dizer olá á sua prima em segundo grau.

Sites como o Cruise Direct oferecem promoções de última hora, a preços consideráveis. Adquirida a viagem, começa todo um mar de perguntas. Ao que se tem direito, por onde se pode andar, o que se pode ou não fazer.  Um barco de cruzeiro tem de garantir por si só, animação, hospedagem e alimentação. Acrescente-se outras comodidades modernas como internet e bebidas, e começa todo um novo rol de despesas.
Isto porque passear pelo deck em fato de banho combina bem com uma margarita. Um jantar formal envolve champanhe, envolve uma ida ao bar, á discoteca. Isto para não falar do casino e de todo o duty free que nos parece chamar que nem sereia encantada.

Comecemos pelos básicos. Faça uma mala prática e adaptada ás suas necessidades - trajes para passear feito turista, um ou outro emsemble mais formal para jantar, e roupa prática para trazer a bordo. Á parte, leve uma pequena necessaire com o fato de banho e alguns essenciais de toilette - é que nunca se sabe quanto tempo é que a bagagem demora a chegar á sua cabine. Porque se for muito depois do sail away party, a única coisa que vai mergulhar na piscina é a sua sombra.

Alimentação - a maior parte dos pacotes inclui refeições no restaurante, ao qual pode aceder num horário específico (os designados first and second seating, ás 18.30 e 20.30, usualmente). Em alternativa, tem o buffet, de horário livre, mas que costuma ser atacado por americanos obesos e famintos - mas basta ter jogo de cintura e rapidez, eles não conseguem correr. Há ainda os restaurantes de especialidade - sushi, oriental, mexicano - mas são pagos á parte, e bem pagos. Mas, se for na noite de sail away, como é a primeira noite, em que toda a gente está no sail away ou a desempacotar malas, até pode ser que consiga uma promoção simpática.
Se houver paragens em porto, tome um pequeno-almoço substancial para sobreviver a um dia de turismo na cidade. Há quem aproveite ainda para levar uns snacks para a viagem, e até mesmo um termo de café.
No que refere ás bebidas, há habitualmente packs de bebidas que pode comprar com antecedência que incluem águas e refrigerantes. Se consegue viver sem coca-cola durante uns dias, ainda consegue poupar uns trocos. Senão, desforre-se em terra, na Convenience Store mais próxima onde não lhe irão cobrar uma fortuna por uma latinha.

Em muitas linhas há a política de não poder levar bebidas alcoólicas a bordo, correndo o risco de serem confiscadas (ou até ao fim da viagem, ou para sempre). Isto também pretende incentivar ao consumo de bebidas a bordo, pelos habituais preços exorbitantes. Investigue antes de viajar, e mesmo a bordo, confirme se adquirir uma garrafa na loja compensa mais do que ter uma garrafa com o seu nome da sala de jantar. Isto porque se comprar uma garrafa, e persuadir um empregado a ceder-lhe um copo, pode vaguear pelo barco de copo cheio, sem ter de consumir nos bares. Pode até tentar entrar na sala de jantar de copo na mão (se levar a garrafa, irão cobrar-lhe pela rolha). Mais dicas disponíveis aqui.
Se mesmo assim quiser levar alcool a bordo e não quer ser apanhado, pode arriscar e levar Rum Runner Flasks - ou visitar a secção da Amazon acerca de alternativas seguras para transportar...ahem...líquidos.

Como socialite que é, vai querer estar ligado e publicar fotos da sua viagem non stop. Ou se calhar não, quando vir o preço da Internet. Se necessário, compre packs de minutos antes de embarcar (online ou através da agência de viagens). A bordo, há já algumas linhas que dispôem de uma wifi limitada, que lhe permite visualizar a sua conta de despesas, ficar a par das actividades a decorrer...ou falar com a sua cara metade que também está a bordo. Isto porque sem rede a bordo, e só com telefones fixos, vai definitivamente regressar aos tempos de infância em que se combinava a x horas num sítio, e esperançosamente, a pessoa estaria lá. Se não estiver, é melhor confirmar que embarcou, ou então só se vão encontrar no próximo porto. Acrescento aqui mais uns pós de nostalgia, dado que trabalhei a bordo ainda nos tempo dos bippers e dos walkie talkies. (saltou-me aqui mais um cabelo branco). Ah, e não se esqueça de perguntar á tripulação acerca dos spots wifi mais próximos (e gratuitos) em terra - qualquer marinheiro hoje em dia sabe logo isso, para ligar á família via skype sem esgotar o orçamento.

Em todo o caso, um detox digital nunca fez mal a ninguém. Aproveite e ponha a leitura em dia (há uma biblioteca a bordo, escondida atrás do bar central) ou disfrute dos muitos workshops disponíveis organizados pelo Cruise Entertainment, nunca se sabe quando pode finalmente aprender a jogar bridge ou a fazer sapateado. Ou aquele clássico, que é jogar shuffleboard no deck. Especialmente em dia de mar picado.

Falando em mar, não poderíamos deixar de falar em enjoos - apesar de serem barcos de grande porte com estabilizadores, não há forma de escapar aos balanços. Com o passar dos dias vai adquirir um andar ondulante, e passar a usar as paredes como o seu melhor amigo. Se a coisa estiver mesmo verde, há alguns remédios naturais que o podem ajudar. Ginger ale resulta bastante bem - e costuma ser grátis. Bolachas de água e sal e maçãs também são uma boa ajuda. Mantenha-se na zona central do barco, que é mais estável, e procure abstrair-se dos balanços. Não opte por se embebedar a pensar que a coisa melhora.


Interessado em comprar souvenirs? Aproveite as paragens em terra. Senão, algumas linhas costumam fazer saldos no último dia para despachar mercadoria. Esperançosamente, não só de souvenirs como daquelas malas da Guess e relógios Fossil que andou a namoriscar durante toda a viagem. Um bocadinho de duty free nunca fez mal a ninguém, especialmente aquilo que poupou em não ir ao casino, nem em fotos das noites formais.


Lembre-se também de possíveis mudanças de fusos horários - para chegar sempre a horas de jantar, ou de embarcar.
Há uma oferta variada de excursões para conhecer os diversos locais por onde passa. Se achar que pode passar sem dispender esse montante, pode recorrer a um guia local - estes últimos são fáceis de localizar, amontoados á saída do porto com vários cartazes nas mãos enquanto discutem preços em voz alta. Quase de certeza que vai apanhar um tuctuc guiado por um filipino cujo sotaque lhe vai proporcionar uma visita guiada, mas em espanhol de telenovela. Sorria e aprecie as vistas, é só o que lhe resta. Em alternativa pode veranear sozinho, ou comprar um mapa da cidade. Há imensos táxis dispostos a levá-lo de volta a bordo por somas exorbitantes, por isso confirme sempre os preços. E confirme também as horas de embarque...é que o barco não espera por si lá porque demorou mais cinco minutos a beber a sua margarita.


Não se esqueça de trazer equipamento desportivo, afinal de contas correr numa passadeira com vista para o oceano não é coisa que se possa fazer todos os dias - pode até mesmo ter alguns obstáculos, dependendo da ondulação. O centro de fitness está disponível para todos os passageiros, assim com a sauna e o banho turco. Cuidado porém com as hordas de asiáticos que acumulam dentro da sauna, qual desafio do mini. Nesse caso, é altura de passar ao Lido deck para uma margarita.


Barcos deste calibre estão preparados para não se afundar sem luta. Existe mesmo um consultório médico a bordo, para qualquer eventualidade. Em qualquer viagem é comum haver casos de Norovírus (semelhante á diarreia do viajante), mas não pense que se trata de uma epidemia, sendo um espaço confinado com ar condicionado, haverá sempre um passageiro menos resistente que sucumbe ao vírus. A tradição dita que o formato dos WC (sanita encostada ao lavatório) foi concebido em função dos muitos tripulantes e passageiros que padeceram desse mal.
Quanto a outro tipo de emergências, basta que preste atenção ao execício de emergência que tem lugar antes do barco sair do barco. Localize o seu colete salva vidas e saiba qual o seu ponto de encontro. Em todo o caso, a tripulação está preparada para o encaminhar para zonas seguras e, em caso de evacuação, despachá-lo para a jangada mais próxima.
O pior que pode acontecer é ficarem sem comida no buffet.


A tripulação está treinada para o acomodar e receber com a maior das simpatias, por isso não custa nada agradecer e retribuir. Seja com um obrigado e um sorriso, ou mesmo através de uma gorjeta. Não havendo dinheiro a bordo, a chave do seu quarto irá funcionar como uma espécie de cartão de crédito com o qual pode usufruir de todos os serviços a bordo.
Sempre que tiver dúvidas ou estiver perdido, não hesite em perguntar a um membro da tripulação. Sem dúvida que vai ter revelações interessantes e úteis, e é preferível do que acabar perdido num porão á procura do Skyline Bar.


Excepto se forem perguntas como:
- A água dos WC é doce ou salgada?
- Para onde vai a tripulação ao final de um dia de trabalho?/ Onde dorme a tripulação?
- De que lado do mar é que a vista é mais bonita?
- Se o Capitão está a jantar, quem é que está a conduzir o navio?
- Como é que temos electricidade estando tão longe de terra?
...e há sempre alguém que pergunta se as escadas são para subir ou descer.


Finalmente, nunca puxe o autoclismo com a tampa aberta...diz aquela senhora americana que nunca mais ninguém viu...mwahahaha


Até lá, sail safe!

Sem comentários:

Enviar um comentário